segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Captadores e timbres


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E aí galera,

Ando meio sumido, é que o tempo está meio curto e alguns trabalhos tem exigido mais atenção e mais tempo de mim.

Mas vamos lá.



Um amigo e também guitarrista (Guilherme Henrique) me fez algumas perguntas sobre timbres, imãs e certos modelos de captadores no facebook, e como fazia tempo que não postava no blog, achei interessante falar sobre o assunto aqui.

Bom, pintou uma grana e você decidiu comprar uma guitarra, não é muito e você pensou num desses modelos mais em conta que estão no mercado. A alguns anos atrás houve uma invasão de instrumentos de baixo custo no mercado, alguns até de qualidade duvidosa, mas hoje a coisa melhorou muito, e é possível adquirir um instrumento barato e customiza-lo depois. Sabendo escolher bem, você pode conseguir um resultado muito profissional.


Antes de qualquer coisa, desconfie de tudo que você lê na internet, pesquise sobre o assunto que você esta procurando, e tenha pelo menos dois pontos de vista diferentes. Porque digo isso? Ando lendo, e vendo muita besteria na net, as vezes o sujeito fala sobre determinado assunto e nem tem conhecimento sobre aquilo, e o pior, manipula de forma negativa a opinião de quem não tem muita experiência.

Muita gente defende o ponto de vista de que instrumento bom tem que ser caro. Eu penso que instrumento bom é aquele que você consegue executar com facilidade suas ideias musicais. Li uma vez uma frase que achei muito boa, desde então a trago comigo. "O melhor equipamento do mundo é aquele que eu tenho condição de ter."

Mas vamos ao assunto:

A guitarra é um instrumento que produz sons através de vibração, tudo na sua guitarra vibra e acrescenta harmônicos ao timbre final do instrumento. O corpo da guitarra vibra em uma determinada frequência, o braço vibra em outra, aquele parafuso frouxo na ponte que você nunca lembra de apertar, vibra em outra, no final tudo isso se junta e forma o timbre do seu instrumento.

Um captador independente de marca ou modelo, não muda isso, o que ele faz é captar as vibrações da guitarra, juntar tudo, transforma-las em notas musicais e depois mandar tudo pro cabo que por sua vez manda pro amplificador fazer seu trabalho que é amplificar todas essas frequências.

O máximo que um captador pode fazer é ressaltar algumas frequências e diminuir outras, mais não acrescentar frequências, se sua guitarra não tem graves não adianta procura-los no amplificador ou no captador.

Todos os fabricantes colocam maneiras de mostrar as diversas caracteristicas dos captadores em seus sites, por exemplo:

Resistência de saída:  10.90 k

Pico de ressonância: 3,9 KHz

Imã: Cerâmico

Equalização:   Grave 5    Médio 7    Agudo  5

A coisa é mais ou menos assim.

Com essas informações em mãos já da pra saber a personalidade do captador em questão. No nosso exemplo hipotético, o captador tem uma saída alta, um pico de ressonância (pico de agudo mais alto atingido) médio, e o captador realça as frequências médias. Realça!!! Não acrescenta!!!! Se sua guitarra já tem muitos médios esse captador vai realçar isso ainda mais, é você quem decide se isso é bom ou ruim.

O que você precisa fazer é pegar essas informações e ver se esse modelo vai se ajustar bem ao seu instrumento e estilo de tocar.

Eu por exemplo, não gosto muito de captadores cerâmicos de alto ganho, na minha opinião captadores de ganho alto comprimem de mais o som e com isso você perde muito das ressonâncias da madeira. Mas, as minhas referencias de timbre vem dos sons dos anos 50, 60 e 70. Provavelmente quem gosta de uma coisa mais moderna carregada de distorção vai gostar de captadores de saída alta.

No geral, captadores de alnico tem mais definição sonora e são mais brilhantes, já os cerâmicos tem mais ataque e ganho, porém, são menos definidos.

Se você pretende tocar estilos mais leves como Jazz, Blues ou Rock Clássico por exemplo, os mais indicados são captadores de ganho moderado, ou vintage. Com esse tipo de captador da até pra tocar umas vertentes do metal dos anos 70. Costumam ser produzidos em alnico 2 ou 5 e possuem um timbre mais macio, mais definido.

Você precisa primeiro definir  seu estilo, que tipo de som você busca??? Rock, Jazz, Metal, Trash... Daí escolher o que se encaixa melhor ao seu perfil. Algumas referencias de artistas podem ajudar na escolha.

Um captador com som mais magro e brilhante, com caracteristicas vintage pra telecaster, não vai soar bem com taxas altas de distorção. Se você procura alguma coisa pra tocar metal mais moderno, é prefirivel usar outro modelo.

Existem também os captadores ativos, que possuem impedância baixa, e trabalham melhor em uma cadeia de sinal com vários pedais, e cabos mais longos, pois o sinal é mais forte e sofre menos interferencias e perdas. Costumam se dar bem em alto ganho e com distorções extremas.

Resumindo:

O grande lance é saber combinar o captador com a sua guitarra, muita gente compra pela cor, ou porque alguem famoso usa, (As vezes o estilo da referencias é totalmente diferente do que cara vai tocar) Pense sempre no captador trabalhando na sua guitarra, o que ele vai realçar, o que ele vai esconder. Se você comparar um determinado modelo de captador numa guitarra com madeiras muito diferentes das suas, provavelmente, na sua guitarra o timbre vai ser outro muito diferente.

Geralmente quem usa guitarra com bastante distorção, não pensa muito no timbre da madeira. Como em taxas altas de ganho tudo é muito comprimido, é quase impossível distinguir os harmônicos da madeira numa situação dessas. Então se seu lance é esse, derrepente uma guitarra de madeira com um timbre menos trabalhado nem vá incomodar tanto... Por outro lado se você gosta do som da madeira, dos harmônicos produzidos por sua guitarra um captador de baixo a médio ganho vai soa melhor.

Uma coisa é preciso entender, é impossível ter as duas coisas em um modelo só de captador, geralmente ganha-se de um lado pra perder de outro.

Muita gente reclama que as dicas oferecidas por blogs como esse não funcionam na prática, pensam que somos loucos que falamos coisas sem fundamentos e tal... O leitor precisa levar algumas coisas em consideração. Vários fatores influenciam no timbre final. Você tocar num palco em volume alto, com uma banda a todo vapor por exemplo, é muito diferente de tocar no seu quarto num amplificador de estudo em volume baixo. Em volume alto você vai precisar de muito menos distorção pois o som já é comprimido naturalmente, você vai ouvir mais os extremos graves e agudos e com isso precisar de mais médios pra se destacar no meio da banda, e a equalização precisa ser pensada no contexto de banda, pois na hora que os outros instrumentos entrarem vão encobrir algumas frequências da guitarra e você precisa compensar isso equalizando ouvindo a banda junto.

Mais isso já é assunto pra outro post.

Pra ilustrar o tema vou postar um video do pessoal da Fender Custom Shop falando sobre a escolha das madeiras.

É um video muito interessante, vale apena assistir. A tradução foi feita pelo Paulo May do blog Louco por guitarras http://guitarra99.blogspot.com.br/



Assista o video e tente entender o quanto cada item influencia no som de sua guitarra.

Estou editando o dialogo todo pra postar aqui, tem muita coisa interessante, essa semana eu posto na integra...

Um abraço a todos.

1 Comentário:

Guilherme Henrique disse...

Muito legal! Parabéns pela matéria cara!
É bom ver que minha dúvida é também a dúvida de muita gente, esse assunto é muito interessante, sempre é bom compartilhar experiências!

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