Keep it simple
Fechei um
trabalho com uma banda de rock e essa semana fizemos um ensaio. O ensaio foi
numa cidade vizinha, como não era ensaio geral optei por simplificar as coisas
e levar somente o equipamento necessário pra não ter que ficar carregando um
monte de coisas. Como o dia foi corrido e tive que sair correndo pra pegar o ônibus
acabei esquecendo a bolsa com os pedais, pensei na mesma hora: “Estou ferrado!”
Para minha
surpresa em um dos compartimentos do bag da guitarra encontrei um GDI 21 da
Behringer, um cabo XLR de microfone e um cabo P10 pra guitarra que deixei ali
pra usar numa outra situação (na verdade acabei nem usando). Comprei esse pedal
já tem um tempo, justamente pra usar nesse tipo de situação. O pedal é barato,
pequeno e fácil de carregar, mas não havia testado direito, colocado o a prova,
com uma banda a todo vapor, com um baterista tocando alto. Uma banda de rock
seria a prova de fogo. Confesso que fiquei com o pé atrás, não sabia se ele se
sairia bem numa situação dessas. E muita gente aqui no Brasil fala muito mal
dos equipamentos da Behringer.
Como é um
simulador de amplificadores clássicos e uma direct box liguei direto na mesa de
P.A. usando o cabo XLR (O pedal tem uma saída XLR) e comecei a sentir o som. As
poucas vezes que usei o pedal foi pensando em um som limpo pra simular um
fender Twin, ou um Bassman, mas como eu só tinha esse pedal e como o repertório
era composto de rock com algumas coisa puxadas pro punk eu iria precisar de um
som um pouco mais sujo. Além da simulação de Fender ele simula um Marshall e um
Mesa Boogie. A simulação de Mesa seria muita coisa, não precisava de tanto,
optei pela simulação de marshall.
Essa
simulação tem um drive bom talvez um pouco aguda, mas soa legal e você consegue
sons desde um Plexi mexido até coisas na onda do JCM. Eu gosto de distorção
principalmente no rock, mas tudo tem um limite. Pra mim a quantidade ideal de
drive é quando a guitarra começa embolar daí volto o controle até limpar um
pouco. Se você exagerar nesse controle você perde o foco e sua guitarra soa embolada
sem definição e muito comprimida, fica difícil distinguir o som de cada corda
no meio de um acorde e ao contrario do que muita gente pensa sua guitarra perde
peso.
O controle de
drive ficou entre oito e nove horas (referencia ao relógio) ou seja, bem
pouquinho, com isso eu já tinha a quantidade de distorção que precisava. O
pedal também tem uma chave onde você escolhe entre três tipos de posições de
microfone. No centro, fora de centro, e afastado. Em um equipamento desse tipo
isso funciona mais como presets de equalização. Posicionar microfones em frente
a um amp é bem mais complexo que isso, mas a função funciona bem. Trabalhei com
a chave na posição fora de centro.
Centro – Você
tem um som mais brilhante com mais presença de agudos.
Fora de
centro – Menos agudos e mais presença de médios graves.
Afastado –
Menos presença de graves.
Como disse
antes posicionar microfone em frente a um falante é mais complexo que isso, mas
treinando no pedal da para se ter uma ideia do que acontece quando a gente move
um microfone em frete a um falante.
O pedal tem
dois controles de equalização ativos. Não gosto muito de trabalhar com esse
tipo de equalização na guitarra, qualquer mudança altera muito o volume geral, gosto
de controles passivos como em um amp real, mas os controles funcionam bem. Senti
falta de corpo, eu queria mais presença dos bordões então aumentei um pouco os
graves, tirei um pouco dos agudos, pra diminuir a estridência não gosto da
guitarra sibilante.
Eu iria
precisar trabalhar bastante com os controles da guitarra para timbrar e dosar a
quantidade de drive, isso pra mim nem é problema pois já faço isso com meu set
normal, mas o pedal tem que ser bem dinâmico se não pode esquecer. Para minha
surpresa, o pedal soou bem dinâmico isso ajudou muito, pois com o controle de
volume da guitarra eu consegui desde um timbre clean trabalhando com o volume
entre 5 ou 6, passando por um crunch volume da guitarra entre 7 ou 8, até
chegar num lead pra solos com o controle de volume no 10. Sem contar a chave de
troca de captadores e o controle de tone quando eu queria um som um pouco mais
abafado.
Resultado, o
pedal respondeu bem a essa situação, da pra substituir um amp real¿ Não!!!! Mas
quebra um galho numa situação de emergência, confesso que estava pensando em vende-lo,
mas depois disso acabei voltando atrás.
O que posso
tirar dessa história???
Primeiro,
mantenha as coisas simples, as vezes menos é mais. Muita gente se perde no meio
de vários equipamentos, possibilidade e parâmetros pra regular.
Segundo,
nunca tome como certas decisões de outras pessoas, teste o equipamento antes de
formar sua opinião.
Terceiro, É
obvio que se você não conhece o equipamento que tem em mãos, fica difícil tirar
um bom som. Leia muito, procure saber sobre microfonação de guitarra, saiba o
que os controles de graves medios agudos fazem, leia manual de vários equipamentos
(geralmente eles vem com dicas de uso) Veja vários vídeos de testes de equipamentos.
Quarto, pegada
é tudo, se você toca mau vai tocar mau em qualquer equipamento seja ele um
amplificador de 3 mil dólares ou um pedal baratinho.
P.S. A minha
ideia aqui não foi fazer um review do pedal, também não tenho vinculo nem um
com importadora ou com a própria behringer, a proposta aqui foi passar algumas
dicas usando um situação real.
Um abraço a
todos.
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