segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Equalizando - É isso mesmo que estou ouvindo???





Equalizando


"Quem ouve torto, entorta pra parecer certo, aí o que estava certo, fica torto!!!"

Inicio esse post com essa frase do grande produtor brasileiro Paulo Anhaia.

A forma como você ouve sua guitarra interfere diretamente nas suas decisões de equalização e/ou volume. Se seu amplificador esta mau posicionado em relação a seus ouvidos, você vai ouvir mal certas frequências e com isso tomar decisões erradas na hora de equalizar.


Vamos entender como se comporta o som.

Como já disse em vários posts, a maior parte das notas emitidas por uma guitarra se situam na região dos médios, pouca coisa na região grave, e basicamente somente os harmônicos mais altos se situam na região aguda do espectro.


Quanto mais pro agudo uma determinada frequência, mais ela se comporta de forma direcional, quanto mais grave, mais se espalha pelo ambiente. Ou seja, o falante de guitarra manda som direto a sua frente. Você vai ouvir bem um alto-falante de guitarra quando ele estiver apontado diretamente pra seus ouvidos.

Bom, só por aí já temos informação suficiente para posicionar um amplificador, ou caixa de som, mas vamos a mais algumas dicas.

Imagine a luz de uma lanterna. O som que sai de um falante de guitarra se comporta de forma parecida, começa estreito e vai se expandindo em forma de cone conforme se distancia da fonte sonora, até perder força. Olhe a figura abaixo.




Equalizando



Seus ouvidos devem estar nesse raio de ação pra que você possa  ouvir o som do falante perfeitamente, do contrário você estará ouvindo um mix de som refletido pelo ambiente  e som direto.


Uma dica importante.

A onda sonora caminha pelo ambiente até encontrar um obstaculo e se dissipar, refletir, ou ser absorvida. Imagine que entre você e o falante tenha um obstaculo, uma coluna de concreto por exemplo. A onda sonora caminha até bater nessa coluna e mudar sua direção, chegando assim aos seus ouvidos com menos força, e sofrendo alterações impostas pelo ambiente.

Agora imagine duas pessoas entre você e o amplificador, fazendo uma espécie de parede humana. O corpo humano por natureza, absorve boa parte das frequências (principalmente agudos e médios), resultado, você vai ouvir um som opaco, abafado sem brilho.

Isso é extremamente importante, porque o que queremos ouvir, é o som direto vindo dos falantes primeiro, antes de sofrer alguma alteração do ambiente, caso contrario você vai ouvir mais som refletido e tentar compensar certos problemas na equalização, geralmente abusando dos agudos.

Aí entra um outro problema, você equaliza conforme ouve e como o que você esta ouvindo nesse momento não é o timbre real do amplificador, vai equalizar errado. Se você microfonar o amplificador, a situação se complica ainda mais, pois o microfone esta bem próximo do falante e sofre muito pouca (Quase nem uma) ação do ambiente, ou seja, ele vai captar um timbre que você não esta ouvindo, a chance de chegar um timbre bem mais agudo que o suficiente pro técnico de som é enorme.


Na prática.


Palcos pequenos.


Se você vai tocar em um palco pequeno, um pub ou bar por exemplo, provavelmente o seu amplificador vai ter duas funções, ser seu monitor e mandar som pro publico.

Essa situação costuma ser complicada pois você vai precisar de maior potência, amplificadores menores vão sofrer pra executar as duas  funções, o ideal seria combos de médios a grandes, 25 watts pra cima.

Tente posicionar o amp mais ao fundo do palco. Dessa forma som vai se espalhar melhor pelo ambiente. Claro você vai ouvir bastante som refletido por estar longe do auto-falante, mas é um efeito colateral que você vai precisar aprender a lidar nesse tipo de situação. E como nesse caso não existe um microfone pra captar o amplificador, o publico vai acabar ouvindo o que você ouve. 

Equalizar fica até mais simples nesse caso. Só tome cuidado pra não pensar só na guitarra, lembre-se, a guitarra precisa fazer parte da banda, e é muito melhor equalizar pensando em deixar espaços pros outros instrumentos trabalharem. Se a banda tem um baixista deixe os graves pra ele por exemplo.




Equalizando




Tente também achar uma posição no palco onde você consiga ver o alto falante, a ideia é simples, se você consegue ver o alto falante consegue ouvi-lo. Lembra do lance dos obstáculos?



Palcos Médios.


Em palcos médios onde você tem a opção de microfonar o amplificador, prefira coloca-lo apontando pra seus ouvidos, (existem alguns suportes próprios pra isso). ou em cima de algum case, cadeira, caixa ou algo que deixe-o acima do nível do solo. Como nesse caso o amplificador vai trabalhar exclusivamente como monitor pra você, não ha a preocupação de mandar som pro publico.

Colocar o amplificador no chão apontando pra suas pernas é o erro mais comum, pois pelo efeito de direcionalidade do alto falante de guitarra você vai ouvir mau os agudos e médios, resultado, timbre abafado e sem brilho, sua primeira reação será  aumentar os agudos.

Claro, a potencia do amp vai depender do estilo de musica. Numa banda de rock, um amplificador pequeno de uns 15 watts por exemplo, vai ser engolido pelo baterista quando o mesmo tocar alto.

Ainda nesse caso, pode acontecer de o amp de guitarra ter que mandar som pro palco, aí prefiro coloca-lo na lateral, dessa forma o som vai se espalhar melhor pelo palco, como vou estar mais próximo vou ouvir o som direto antes do som refletido.




Equalizando



Palcos grandes.


Em palcos grandes com bons sistemas de som, quase não temos problemas, você pode escolher a melhor posição do amp pra te servir de monitor, pois ele será devidamente microfonado e se por acaso precisar de mais som de guitarra no palco o sistema de monitoração se encarrega disso.

Algumas considerações sobre o amplificador.

Se você usa mais timbre clean, e prefere pedais de overdrive, escolha amplificadores de maior potencia se precisar de maiores volumes, dessa forma você vai conseguir bastante volume antes do amplificador começar a distorcer, garantindo assim mais qualidade no seu clean. Se você não liga de o som ter um leve crunch não precisa de tanta potencia assim.

Quem usa caixas 4x12 geralmente as posicionam no chão (obvio!) se tiver opção, de preferencia as inclinadas, dessa forma os alto falantes superiores estarão apontados pros seus ouvidos. (algumas pessoas retiram as rodas de traz pra inclinar a caixa) Lembrando que uma caixa 4x12 gera bastante pressão sonora e bastante ar, dependendo do ambiente soam bem graves, cuidado com elas em ambientes pequenos e fechados.



Equalizando



Ficar de costas pro amplificador também não ajuda muito pois pelo formato de suas orelhas o som tende a ser bloqueado e dessa forma absorvendo os agudos, embora essa seja a posição mais comum. Tente ficar mais distante do amplificador nesse caso.

Muitas pessoas hoje (inclusive eu) gostam de usar simuladores de amplificador.

Com um simulador você diminui a quantidade de tralha pra carregar, diminui o som de guitarra no palco, e não sofre com o problema de posicionamento no palco (sem contar que o técnico de som vai adorar não ter a guitarra vazando nos outros microfones do palco).

É uma questão de gosto pessoal, muita gente não gosta de se ouvir em fones ou no sistema de side-fills (Caixas laterais encarregadas de espalhar som pelo palco).

Não vou entrar na discussão se é melhor ou pior que um amplificador real, se substitui um amp real e bla, bla, bla. (Isso me da um sono). Com o tempo você aprende que a guitarra precisa conviver com outros instrumentos pra ser notada, aí o jeito de usar as ferramentas mudam. 

Em palcos pequenos onde o sistema de som não é muito bom e tudo fica muito próximo e alto, um bom simulador pode resolve o problema sem te dar dor de cabeça. Sem contar que você ouve o som direto nos fones sem contato com o ambiente. Na minha opinião os prós compensam os contras nesse sistema. E hoje em dia a coisa ta bem adiantada, a gente chega a se surpreender com a fidelidade desses equipamentos.

Claro, um Marshall plexi plugado numa caixa 4x12 é muito rock in roll e isso te da uma adrenalina na hora de tocar, mas convenhamos essa não é a realidade da maioria dos trabalhos do musico comum.



Quem toca em casa no quarto.


Como disse, o ambiente onde você toca interfere diretamente no seu timbre, se você toca no quarto procure observar os moveis que você tem ali, se o piso é liso, de cerâmica, se tem cortinas nas janelas. Tudo isso pode te ajudar a ter um som melhor nesse ambiente.

Primeiro, se o seu piso é duro e reflexível, ele vai aumentar seus agudos experimente colocar um tapete grosso em baixo do amplificador isso vai diminuir essas reflexões.

Se você toca sentado, coloque o amplificador no chão do seu lado inclinado apontado pra você ou de frente.

Se toca em pé a mesma dica serve. Se você gosta de ficar mais longe do amplificador experimente coloca-lo apontando pra uma parede com cortinas, dessa forma essa parede não vai refletir o som de volta pra você.

Uma coisa que ajuda muito, é abrir as portas do guarda roupas, ter uma estante com livros no quarto e mais alguns moveis (sofás, almofadas, obras de arte, etc...) ajuda muito. O principio é o mesmo dito acima, alguns materiais absorvem, outros refletem.

Não é muito legal abafar o quarto todo (usando espumas acústicas) o ideal é ter algum material difusor, assim o som se espalha melhor no quarto. Uma estante com livros cumpre bem o papel de difusor acústico.

Bom, é bem básico, tratamento acústico exigem mais estudos, mas já da pra ter uma ideia do que fazer.

Só lembre-se, tudo dentro quarto vai refletir o absorver, posicione os moveis dentro do quarto e você vai melhorar significativamente o ambiente onde ouve e toca musica.

Se você sente que o seu amplificador soa muito grave, experimente coloca-lo acima do nível do chão. Posiciona-lo perto de uma parede também aumenta essa sensação, principalmente em quinas.


Baixistas


Bom, tudo que foi dito acima serve pros baixistas, só lembre-se, como o baixo lida mais com frequências graves, não vai estar lidando com um som tão direcional como um guitarrista.

Outra coisa, é que geralmente o amplificador no chão potencializa os graves, no caso do baixo pode ser uma boa.



Considerações finais


Bom com isso acho que da pra sacar o quanto é importante  ouvir bem pra timbrar bem, e muita coisa não depende exclusivamente da qualidade do equipamento e sim de como você o usa. Sem contar que são medidas simples que fazem você pensar melhor o sem timbre.

Todas essas ideias não se aplicam só a quem toca em palcos, saber posicionar o amplificador mesmo que pra estudo também ajuda a trabalhar com menos volume e a equalizar com mais consciência, e claro, um bom timbre mesmo que somente pra estudo te inspira e faz com que você ouça cada detalhe de sua execução.

Abraço a todos, até o próximo artigo.


Fotos tiradas do google.









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